Ubiracy de Souza Braga*
O direito dos feirantes em utilizar a Praça Pedro II, conhecida como da Sé, das 15 horas do último domingo até às 7 horas da manhã, parece ter irritado a prefeita Luizianne Lins que de forma intransigente determinou o “fim da feira” naquele logradouro público. Mas o que está em jogo nestas relações de poder? Aparentemente “uma série de ruídos de comunicação” entre governo e governados; entre legitimidade e legalidade; ou, sobre o controle do espaço público pela temerosa AMC. A tese da “legitimidade da ordem” sempre diz respeito ao discurso que diz a lei: “vão controlar o espaço público para evitar a presença de...” e assim por diante.
Sociológica e juridicamente falando estamos diante de um busílis: a) Nem todo processo de comunicação é um processo de trabalho, mas todo processo de trabalho é um processo de comunicação. E isto fica provado pela jornada de trabalho contraída pela relação espaço-tempo na praça da Sé: das 15h00 min de domingo às 7: 00 horas da manhã seguinte; b) No mês de abril no Ceará foram criados 3.230 empregos, mas em contrapartida, em relação ao número de assalariados com carteira assinada em março, a elevação em abril chegou a 0,39%; c) as recentes intervenções da Polícia Federal no Estado são crescentes: a) com prisão de pessoas por posse e distribuição de pornografia infantil na internet – rede mundial de computadores; b) com a chamada persistência do “turismo sexual” propriamente dito.; c) com o tráfico de seres humanos e de drogas para o exterior, para não mencionarmos a presença do trabalho escravo.
Pelo exposto, notamos que são inúmeros os “ruídos de comunicação” no perímetro urbano da cidade de Fortaleza. Contudo, parece-nos que o calcanhar de Aquiles das políticas públicas não se resolve com a barganha, com o “savoir-faire” na política. Vimos isso com a greve dos professores do ensino médio; vimos isso com a “operação tapa-buracos”; vimos isso com a construção do hospital da mulher; vimos isso com a licitação para pagamento de honorários de artistas nas festividades de reveillon na praia de Iracema; vimos isso com a questão da emissão das carteiras de estudantes, oxalá não haja outras fantasmagorias inclusive na grandiosa festa de carnaval “fora de época”? A pergunta que fica é a seguinte: por em foco a política que determina “o fim da Feira da Sé” serve pra encobrir as tropelias da prefeitura?
* Sociólogo, Cientista Político, Comunicólogo. Professor da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (uece).